Um estudo do Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos EUA desenvolveu uma nova abordagem para identificar o risco de crianças e adolescentes desenvolverem Covid longa, que se refere aos sintomas persistentes por pelo menos três meses após a infecção pelo SARS-CoV-2.
Publicado na última quarta-feira (21) no JAMA (Journal of the American Medical Association), o estudo analisa sintomas prolongados mais comuns em crianças e adolescentes com histórico de Covid, em comparação com aqueles sem infecção prévia. A pesquisa não exclui nenhum sintoma como potencial para a Covid longa.
O índice combina sintomas específicos para duas faixas etárias: dez para crianças em idade escolar (6 a 11 anos) e oito para adolescentes (12 a 17 anos). Foram observadas diferenças nos padrões de sintomas entre essas faixas etárias.
A pesquisa envolveu 751 crianças e 147 adolescentes com histórico de Covid, e 3.109 adolescentes e 1.369 crianças sem infecção prévia, em mais de 60 instituições de saúde nos EUA.
Os sintomas prolongados foram encontrados em quase todos os sistemas orgânicos, afetando a maioria das crianças e adolescentes em múltiplos sistemas. Para crianças, os sintomas mais comuns foram dificuldade de memória ou concentração (44%), dor de estômago (43%), dor de cabeça (57%) e dificuldade para dormir (44%). Em adolescentes, os sintomas mais frequentes foram alteração ou perda de olfato e/ou paladar, dor no corpo, músculos ou articulações (60%), cansaço diurno (80%), dor de cabeça (55%) e dificuldade de memória ou concentração (47%).
O estudo identificou quatro agrupamentos distintos de sintomas em crianças e três em adolescentes, sugerindo possíveis tipos variados de Covid longa pediátrica. Crianças tendem a apresentar mais sintomas neurológicos e gastrointestinais, enquanto adolescentes frequentemente experimentam perda de paladar e olfato.
Essa pesquisa é pioneira na análise de padrões de sequelas pós-Covid em jovens e pode ajudar a identificar alvos para futuros tratamentos. A autora do estudo, Rachel Gross, professora associada nos Departamentos de Pediatria e Saúde Populacional da Universidade de Nova York de Langone, destaca que o índice é um primeiro passo e deve evoluir com mais pesquisas.
Os pesquisadores também encontraram uma correlação entre o índice de sintomas e a saúde geral e qualidade de vida. Com cerca de 65 milhões de pessoas globalmente vivendo com Covid longa, a pesquisa busca entender melhor os mecanismos da condição para melhorar os tratamentos futuros.