Na comunidade do Batan, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, moradores e frequentadores estão sujeitos a regras impostas por um grupo criminoso autodenominado “Os Crias”. Uma faixa no local proíbe a circulação de veículos com os vidros fechados e determina que motociclistas transitem sem capacetes.
A faixa, que também se dirige a motoristas de aplicativos, apresenta a mensagem: “Atenção Uber e moradores: proibido andar com os vidros fechados e com capacete. Assinado: Os Crias”.
O grupo é associado ao Comando Vermelho, que controla a comunidade. Embora o termo “crias” seja geralmente usado por cariocas para indicar a origem de alguém, na região ele designa os criminosos locais.
De acordo com relatos de perfis nas redes sociais, a faixa está instalada há mais de um mês e divide opiniões entre os moradores. Enquanto alguns criticam as imposições, outros defendem a medida como uma forma de evitar a violência.
“Se todas as comunidades fizessem isso, não morreriam tantos inocentes. Boa iniciativa dos Crias”, escreveu um internauta. Outro destacou a organização do local: “Batan é tranquilo para trabalhar. Eles colocaram faixa para lixo, limite de velocidade, entre outras. É uma ordem que o Estado deveria impor, mas não vejo nada demais.”
Infração de trânsito
As regras impostas pelo grupo, no entanto, violam o Código de Trânsito Brasileiro. Andar de moto sem capacete, por exemplo, é uma infração gravíssima, com multa e perda de sete pontos na CNH. Ainda assim, as normas são seguidas por muitos moradores, que afirmam respeitar as imposições devido à falta de alternativas e à presença do grupo criminoso.