O ditador venezuelano Nicolás Maduro afirmou nesta segunda-feira (27) que os desentendimentos com o Brasil são “águas passadas” e que as relações entre os dois países seguem sem crise. A declaração foi dada em entrevista ao jornalista Breno Altman, do site Opera Mundi.
As tensões entre Brasil e Venezuela aumentaram após as eleições venezuelanas de julho de 2024, quando Maduro se declarou vencedor, mas se recusou a entregar as atas de votação para auditoria. A falta de transparência gerou críticas internacionais, incluindo do governo brasileiro. Em resposta, Maduro chegou a ironizar o presidente Lula, recomendando que ele “tomasse chá de camomila”.
Agora, o venezuelano adota um tom conciliador. “Devemos priorizar as relações entre Brasil e Venezuela, com cooperação e progresso econômico”, afirmou. Sobre o veto brasileiro à entrada da Venezuela no Brics, ele disse que prefere olhar para o futuro e que o país ingressará no bloco.
Maduro também voltou a criticar os Estados Unidos, acusando o governo de Joe Biden de tentar desestabilizar a Venezuela com apoio à oposição liderada por Edmundo González Urrutia. Segundo ele, grandes empresas de tecnologia ajudaram a criar um cenário de caos político durante as eleições.
Questionado sobre as acusações de fraude eleitoral, Maduro negou qualquer irregularidade e afirmou que o sistema venezuelano é “amplamente auditável”. A afirmação, no entanto, contrasta com a repressão a opositores e a recusa em divulgar as atas eleitorais, que levantaram suspeitas sobre o resultado.
Mesmo com as divergências, o ditador afirmou que pretende manter o diálogo com o Brasil. “A obrigação do presidente Lula e do presidente Nicolás Maduro é se entenderem. Muitos investidores brasileiros estão chegando à Venezuela nos setores de petróleo, gás, petroquímica, energia e turismo. Esse é o nosso caminho”, concluiu.