Dois anos das mortes de Dom Phillips e Bruno no Vale do Javari, no Amazonas

Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

Na última quarta-feira (5), relembrou-se o segundo aniversário da morte do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Vítimas de um assassinato brutal no vale do Javari, seus corpos desmembrados foram encontrados após 10 dias de busca.

Dom estava lá para conhecer o trabalho da equipe de vigilância indígena, liderada por Bruno, que visava combater a invasão do território. Três pescadores ilegais foram presos pelo assassinato, enquanto outras cinco pessoas foram indiciadas por ocultação de cadáver.

Um dos pescadores, último a ter contato com Bruno e Dom antes do crime, foi detido por planejar não apenas esse assassinato, mas também o do servidor da Funai Maxciel Pereira dos Santos, morto em 2019.

“Os eventos envolvendo Bruno e Dom, assim como o caso de Maxciel, nos proporcionaram uma melhor compreensão dessa rede criminosa. Atualmente, temos um mapeamento mais preciso dos crimes ambientais e da pesca ilegal na região do Alto Solimões”, afirmou Umberto Ramos Rodrigues, superintendente regional da PF no Amazonas.

A investigação revelou que o mandante em ambos os casos seria um peruano conhecido como Colômbia, financiador da pesca ilegal na terra indígena e responsável por ordenar a eliminação de quem atrapalhasse seus negócios.

“Agora estamos avançando na investigação para esclarecer todas as conexões que Colômbia possui com outros atores na região do Alto Solimões”, acrescentou o superintendente.

Alessandra Sampaio, esposa de Dom Phillips, está envolvida com a Amazônia da qual seu marido tanto falava. Inspirada no último post de Dom nas redes sociais, lançou o Instituto Dom Phillips, dedicado a projetos de educação sobre a Amazônia.

O vale do Javari abriga a maior concentração de indígenas isolados do planeta. A proteção dessas comunidades era a principal motivação do trabalho de Bruno Pereira. Hoje, essa missão no Ministério dos Povos Indígenas é liderada pela antropóloga Beatriz Matos, esposa de Bruno.

“A nossa satisfação como família virá quando entendermos que existe segurança real para os indígenas, quando nossos amigos e companheiros não estiverem ameaçados, não apenas com a punição dos executores”, afirmou Beatriz.