
A intensa seca que atinge a América do Sul resultou em um aumento significativo dos incêndios florestais, elevando as emissões de carbono nas regiões do Pantanal e da Amazônia, conforme aponta um recente levantamento do observatório Copernicus da União Europeia.
Até 3 de setembro, o estado do Amazonas já havia superado o recorde anual de emissões por incêndios, atingindo 23,2 megatoneladas de carbono. Esse valor ultrapassa o recorde anterior de 22,7 megatoneladas registrado em 2022. No Pantanal, os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também superaram as emissões dos 21 anos anteriores para o período de janeiro até início de setembro. A Bolívia, por sua vez, já registrou o maior nível de emissões anuais desde o início dos registros do Copernicus para 2024.
Mark Parrington, cientista sênior do CAMS (Serviço de Monitoramento da Atmosfera) do Copernicus, alertou que “com o pico da temporada de incêndios ainda por vir neste mês, os valores devem aumentar ainda mais”. O boletim da entidade classificou a atual temporada de incêndios como “particularmente notável”, destacando queimadas intensas no Brasil e na Bolívia, especialmente no Pantanal, que vem enfrentando incêndios severos desde maio.
Dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indicam que agosto foi o mês com o maior número de focos de calor na Amazônia desde 2005, com 38.266 focos identificados. A plataforma BDQueimadas revelou que o Pará liderou o número de incêndios na Amazônia, seguido pelo Amazonas e Mato Grosso.
A fumaça desses incêndios, que prejudica a saúde das populações locais, continua se espalhando pelo Norte e Centro-Oeste do Brasil. Em resposta à poluição, o governo do Acre anunciou a suspensão das aulas nas escolas estaduais, sem previsão de retorno.
A seca prolongada contribui para a propagação dos incêndios. Dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) indicam que o Brasil enfrenta a pior seca desde o início dos registros em 1950, afetando cerca de 58% do território. A previsão para setembro não sugere alívio, com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) prevendo temperaturas acima da média em estados como Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins e Mato Grosso.
Globalmente, outras regiões também enfrentam incêndios significativos. A América do Norte registrou outro verão extremo, com emissões de incêndios em 2024 ficando atrás apenas de 2023. O sudeste da Europa também sofreu com grandes incêndios, afetando a qualidade do ar em países como Macedônia do Norte, Grécia e Bulgária, com um incêndio notável próximo a Atenas.