Um fenômeno preocupante está ocorrendo na Antártida: o continente gelado, tradicionalmente coberto por neve e gelo, está se tornando verde. O crescimento acelerado da vegetação na região, impulsionado pelo aquecimento global, tem chamado a atenção de pesquisadores.
Estudos publicados na revista Nature Geoscience revelaram que a área coberta por vegetação rasteira aumentou 13 vezes entre 1986 e 2021. Enquanto em 1986 menos de um quilômetro quadrado era coberto por plantas, esse número subiu para cerca de 12 quilômetros quadrados na península antártica.
Thomas Roland, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Exeter, explicou: “Embora a paisagem continue dominada por neve e gelo, a fração ocupada por plantas cresceu exponencialmente, indicando que até mesmo esse ambiente isolado está sendo afetado pelas mudanças climáticas.”
A vegetação predominante, composta principalmente por musgos, pode sinalizar alterações significativas na biologia do solo. Os cientistas alertam que, além do impacto no nível do mar, um aumento de até três vezes na área livre de gelo na Península Antártica até o final do século torna crucial entender as mudanças biológicas nesta região, que concentra a maior parte da vegetação terrestre da Antártida.
Além disso, a diminuição do volume de gelo no continente atingiu níveis alarmantes, com setembro de 2023 registrando a menor cobertura desde o início do monitoramento por satélite. Se o superaquecimento continuar, há risco de colapso da geleira do Juízo Final, que poderia elevar o nível do mar em até 65 centímetros.
Os cientistas também expressam preocupações sobre a liberação de vírus congelados no permafrost devido ao derretimento das geleiras. “Mudanças rápidas podem levar à mortalidade de espécies que não conseguem se adaptar, e há o risco de vírus mais adaptáveis a temperaturas elevadas entrarem na natureza”, alertou Thomas.