O professor de relações internacionais da Universidade de Harvard, Vitelio Brustolin, descreve a decisão de Nicolás Maduro de antecipar o Natal para o dia 1º de outubro como uma “cortina de fumaça para a fraude eleitoral”. Em entrevista à jornalista Camila Bomfim, do G1, Brustolin afirmou que a medida é uma tática de diversionismo para desviar a atenção da crise política e da repressão à oposição.
– É uma distração enquanto Maduro continua a prender opositores – explicou Brustolin, referindo-se ao mandado de prisão contra o opositor Edmundo González Urrutia, que, segundo as atas da oposição, teria sido o verdadeiro vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho.
Brustolin também criticou o fato de que Maduro parece ignorar o impacto que a antecipação do Natal pode ter no comércio.
– A decisão é tão oportunista que eles não parecem se importar com o planejamento comercial. 1º de outubro está a menos de um mês de distância – destacou o professor.
A antecipação do Natal foi anunciada por Maduro em seu programa de auditório. O presidente justificou a medida como uma “homenagem ao povo”, alegando que “setembro já cheira a Natal”, e prometeu um início antecipado das festividades com paz, felicidade e segurança.
Este não é o primeiro caso de antecipação do Natal por parte de Maduro. Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, ele anunciou que as comemorações começariam no dia 15 de outubro, também como uma forma de desviar a atenção dos problemas enfrentados pelo país.
Recentemente, a Justiça venezuelana, controlada pelo chavismo, aceitou o pedido do Ministério Público para emitir um mandado de prisão contra Edmundo González Urrutia, principal adversário de Maduro nas últimas eleições. González é acusado de vários crimes, incluindo usurpação de funções eleitorais e falsificação de documentos.